Já falamos, nos posts anteriores, sobre o que é a BNCC e como ela veio para substituir os PCNs e, também, sobre como os gestores das escolas precisam se adaptar às novas diretrizes. Mas, e para o professor especificamente, o que é que vai mudar?
A nova Base Nacional Comum Curricular estabelece, como uma das principais mudanças, o estímulo ao protagonismo do aluno no processo de ensino e aprendizagem. Isso quer dizer o quê? Na prática, que o professor não deve mais ser o detentor de todo o conhecimento, mas um tutor.
A visão do professor como o soberano, “sabe tudo”, dentro de sala de aula, vem sendo desconstruída já há algum tempo, e a BNCC promove uma ruptura definitiva com isso. E a razão, se você pensar comigo, é simples: com a internet mais espalhada por todos os celulares e computadores pelo país inteiro, os alunos se habituaram a fazer suas próprias pesquisas e a planejar a sua rotina de estudos independentemente do ambiente físico da escola. Naturalmente, esse processo deve ser incentivado, pois a autonomia é uma condição importante no amadurecimento e, além disso, cada estudante pode (e deve) ter as suas necessidades de aprendizagem respeitadas.
Então, diante disso, o professor é tirado de campo? De modo algum! O professor, que conhece o conteúdo programático de suas disciplinas e o plano curricular da escola, atua como um tutor, que dará o direcionamento para os seus alunos para que eles saibam de onde precisam sair e aonde precisam chegar, sempre respeitando o conhecimento prévio que cada aluno traz, das suas enciclopédias privadas, para a sala de aula – condição também de muita responsabilidade da internet.
Em síntese, o professor é o mediador de todo o conteúdo que pode ser acessado, para que, nessa quase infinidade de informações disponíveis online, os alunos não se sintam “perdidos”. Como você percebeu, tanto nos posts anteriores como na discussão que acabamos de começar, a internet e as novas tecnologias estão sendo muito estimuladas pela nova BNCC, certo? Pois então: no post anterior, falamos sobre como as plataformas de aprendizagem podem ser cruciais nesse aspecto, visto que os conteúdos, uma vez que disponibilizados para os alunos online, podem ser revistos no ritmo de cada estudante fora de sala de aula, individualmente – algo impensável fisicamente. Ademais, essas plataformas também oferecem a possibilidade de atividades programadas para cada dificuldade específica de cada aluno: aqueles que não compreenderam, por exemplo, a construção de uma tese, podem acessar um material com exercícios específicos, ao passo que aqueles que, diferentemente, dominam a tese, mas ainda não a proposta de intervenção do ENEM, acessariam outros arquivos e atividades. A tecnologia, portanto – e como está muito claro na nova BNCC – não é inimiga do professor, mas, muito pelo contrário, uma forte aliada que permite a personalização de um processo de ensino e de estudos conforme a necessidade de cada um.
Então você, professor, diante dessas novas diretrizes, deve começar a avaliar quais tecnologias podem ser benéficas para as suas aulas, dentro das possibilidades com as quais a sua instituição conta. Para isso, uma boa dica é avaliar, antes de qualquer coisa, qual é a sua necessidade pedagógica, ou seja, qual conhecimento deve ser atingido. Apenas depois é o momento de procurar o recurso tecnológico – celular, whatsapp, powerpoint, Padlet etc – que pode ajudar a completar essa tarefa com mais eficiência: menos trabalhoso pra você (sim!!!) e mais divertido e proveitoso para os alunos. Nunca se esqueça de que, embora a tecnologia seja uma aliada, não deve ser usada apenas “porque sim”, mas deve ter um objetivo muito bem definido.
É preciso ser um gênio das redes para aplicar a tecnologia em sala?
Felizmente não. Existem dezenas de ferramentas tecnológicas criadas especificamente para a educação e que são simples de usar.
Exemplos? Sim, daremos exemplos:
A BNCC também estimula a cooperação entre os alunos tendo em vista o desenvolvimento de empatia e altruísmo. Assim, uma maneira de cumprir esse objetivo é propor trabalhos em grupo. Há diversos sites e aplicativos de escrita colaborativa que podem ser utilizados gratuitamente, como o Padlet. Neste, é possível propor, por exemplo, uma reportagem escrita a várias mãos (ou dedos, melhor dizendo): o professor poderia criar um Padlet e selecionar uma imagem como tema; posteriormente, cada aluno criaria um cartão e escreveria a sua versão da reportagem – com título, descrição da imagem e descrição dos fatos. Nesse aplicativo, os alunos podem inserir até um áudio com a reportagem (imitando um radialista) ou um vídeo em que eles fizessem o papel de jornalistas. As possibilidades são muitas! Ao final da atividade, seria possível trabalhar as várias leituras que cada um deles fez da imagem selecionada (tão plurais quanto o número de alunos, é certo), além de avaliar os modos de elaborar a notícia (mais imparcial, tendenciosa, cômica, trágica…) e como é importante saber identificar esses traços naquilo que lemos nos jornais ou nas redes.
Uma outra opção muito interessante é o Jamboard, em que é possível propor que cada aluno escreva uma palavra à escolha e, em uma segunda etapa da atividade, eles deveriam, em conjunto, reorganizar as frases com o objetivo de compor um poema dadaísta. Fácil? Fácil! Legal? Muito!
A nova BNCC, pelos vistos, tem o objetivo de puxar a sala de aula para a contemporaneidade; então, acompanhe os posts sobre ferramentas tecnológicas e planos de aula de temas digitais aqui no blog e acelera, prof!