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A estrutura da redação da Fuvest: (des)coordenadas de voo

 

Após termos comentado como funcionam as categorias de avaliação da redação da Fuvest e também observado algumas diferenças entre esta e a produção textual exigida no ENEM, seguimos para uma discussão acerca da estrutura da redação da Fuvest.

É possível reconhecer que, muitas vezes, criamos uma dificuldade ao depositarmos na redação da Fuvest uma espécie de desvalorização da estrutura. Se passarmos, então, essa visão para os alunos, o problema se torna maior ainda, pois podemos criar a ilusão de que o estudo da estrutura não seria válido para a busca por uma redação nota máxima nessa grade.

Com a finalidade de contribuir para um estudo promissor, é necessário comunicarmos aos alunos que a redação da Fuvest apresenta uma estrutura de texto dissertativo-argumentativo conforme estamos acostumados, porém mais fluida, sem engessamentos. A banca avaliadora esperará que o candidato não faça uso de fórmulas prontas, em que, por exemplo, se encontre uma linguagem falsamente rebuscada ou um conectivo pouco utilizado forçadamente inseridos na elaboração da redação. A leitura do texto deve ser dar de forma fluida, não forçada. 

Assim como uma base sólida garante uma construção segura, é válido reforçarmos a importância do domínio da estrutura do texto dissertativo-argumentativo para nossos alunos. Uma vez que eles estejam à vontade com essa estrutura, torna-se mais seguro ousar no interior do texto, por meio das analogias, dos raciocínios e dos exemplos. Precisamos salientar para o aluno que somente o conhecimento pleno da parte técnica e estrutural permitirá a reinvenção dessa base, criando, assim, textos ousados e criativos.

Essa ausência de um cerceamento mais intenso na produção do texto permite, como comentado no post anterior, voos um pouco mais longos na construção da redação. No entanto, ao mesmo tempo é essencial tomar cuidado para que esses “voos mais longos” não levem o texto para longe do tema. É preciso incentivar o voo, mas sem acabarmos como Ícaro.

Para começar uma reflexão a respeito da estrutura do texto dissertativo-argumentativo da Fuvest, devemos ter em mente que dissertar, neste caso, é ter certeza de que nada pode ser tomado como “dado” ou “sabido”. Ou seja, no interior do texto todo posicionamento deverá ser explicado, justificado e explorado com clareza

E é já na introdução que o posicionamento, em conjunto com o tema, devem se apresentar ao leitor. Esse parágrafo inicial contemplará, assim, tanto a questão a ser discutida quanto os direcionamentos que serão explorados nos parágrafos seguintes. Ela contém a essência do texto naquilo que ele, a princípio, afirma ter potencial para aprofundar no corpo da argumentação. Por este motivo, é preciso cumprir com a expectativa que se cria a partir daquilo que é dado na introdução

Tendo em vista as expectativas criadas a partir dos posicionamentos da introdução, o desenvolvimento, por sua vez, deverá aproveitar o espaço da argumentação para desdobrar a tese por meio de explicações e justificativas. O candidato, aqui, deve lançar mão de formas coerentes de se inserir no texto e colocar sua própria voz através do seu conhecimento de mundo, que pode ir desde o conhecimento científico até o popular. Não é o fato de ser uma referência canônica ou não que atribuirá necessariamente valor à argumentação, mas sim o costurar muito bem traçado entre o tema, o posicionamento e o conhecimento de mundo ali compartilhado. 

Por fim, a conclusão contribui para um movimento de circularidade na trajetória do texto. Isto porque aqui será necessário reafirmar o posicionamento e a tese, que já foram indicados, como citado, desde a introdução. Ou seja, fecha-se um percurso iniciado na introdução, aprofundado no desenvolvimento e reafirmado na conclusão. É imprescindível, nesse contexto, que a conclusão esteja intrinsecamente conectada ao restante do texto. A conclusão, assim, nutre-se da introdução e do desenvolvimento para se construir. 

Nossos debates sobre a redação da Fuvest não param por aqui, por isso esperamos por vocês nos próximos posts para novos voos e discussões!

Acelera, prof!

 

 

 

 

 

 

 

 

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