Você já saiu de casa com o objetivo de ir a um lugar (banco, por exemplo), e depois resolveu passar também no supermercado, na casa do amigo e na loja do centro? A chance de você ter percorrido trajetos mais longos e gastado mais combustível é grande. Além disso, se sua agenda é lotada (como a de nós, professores de redação, que precisaríamos de mais 24h por dia somente para corrigir os textos), você estaria perdendo tempo e produtividade.
Brincadeiras à parte, a falta de planejamento da aula de redação gera, muitas vezes, o mesmo efeito: não aproveitamos o tempo e o tornamos improdutivo, para nós e, principalmente, para os alunos.
Saber o caminho exato que percorreremos ao longo do nosso tempo com os alunos é essencial. Ok. Mas como fazer isso?
1º passo – ter um cronograma de aulas
Se eu quero trabalhar as competências do ENEM, por exemplo, devo pensar em quantas aulas eu tenho, o tempo de cada encontro e o que será trabalhado em cada um, de forma geral. Veja essa possibilidade com 5 aulas:
- Aula 1 – Aspectos gerais da prova;
- Aula 2 – Competências 1 e 4 (gramática e coesão);
- Aula 3 – Competências 2 e 3 (tema, repertório e projeto de texto);
- Aula 4 – Proposta de Intervenção;
- Aula 5 – Retomada de todas as competências e leitura de redações nota máxima.
Confira o nosso Guia Definitivo de Correção do ENEM: o que fazer e o que não fazer?
2º passo – definir o objetivo final de cada aula
Aqui é importante sabermos exatamente o que pretendemos com aquele conteúdo:
- Aula 1 – Ao final da aula, os alunos conhecerão aspectos gerais sobre o ENEM – desde quando a prova é usada para ingresso nas Universidades Federais, quais são as características da prova, por que a dissertação argumentativa é o gênero cobrado;
- Aula 2 – Os alunos entenderão exatamente o que é cobrado na C1 e na C4, e como as competências se relacionam;
- Aula 3 – O objetivo final é a compreensão da relação entre as competências 2 e 3 (abordagem completa do tema e uso de repertório sociocultural produtivo, e projeto estratégico de redação, respectivamente);
- Aula 4 – Identificar os elementos da Proposta de Intervenção (Agente, Ação, Meio, Efeito e o detalhamento de um deles);
- Aula 5 – Identificar todas as competências estudadas em redações nota máxima (revisão geral).
3º passo – planejamento em si
Nesse ponto, devemos refletir sobre o “caminho” que percorreremos. Se resolvermos acrescentar conteúdo de última hora, ou não organizarmos bem o tempo de aula, ficará claro para os alunos que não houve planejamento, e o risco de perdermos a credibilidade na sala é grande.
Muitas vezes nos sentimos inseguros ao não sabermos responder uma dúvida em sala. Eu tinha essa preocupação no início. Hoje, quando vejo uma palavra desconhecida na redação, por exemplo, pergunto naturalmente ao aluno o significado dela. Não somos detentores de todo conhecimento mundial, e não precisamos de construir esse “personagem” em sala (se não leu nosso texto sobre ser um “professor em linha torta, clique aqui).
Não importa qual será nosso “percurso”, desde que tenhamos domínio sobre como iniciaremos a discussão daquele assunto, em “qual esquina” viraremos, e qual será o “destino”.
Dar aulas é um processo, para os estudantes e para nós, professores. Hoje me sinto muito mais seguro em sala de aula, mas sempre planejo o que vou falar. Imprevistos acontecem? Claro. Pode ser a coordenação que passará um recado, uma atividade que dura mais ou menos tempo, ou mesmo (quando acontece é muito bom) aquela discussão produtiva que engaja a sala inteira.
Independentemente desses possíveis “desvios” no caminho, saber de onde se parte e para onde se deseja chegar é o segredo (nem tão secreto assim) para um trabalho bem desenvolvido. Difícil? Demais. Mas quando colhemos os frutos de um bom trabalho, vale à pena.
Acompanhe nossas postagens e nossa página do Insta, @aceleraprof, pois aqui é um espaço de compartilhamento de ideias e sugestões para tornar esse nosso trabalho cada vez mais produtivo, e, por que não, coletivo.
Acelera, prof.